3 août 2008

Sartre no pulo da "Imaginação"

Sartre: Olho esta folha branca posta sobe minha mesa: percebo sua forma, sua cor, sua posição. Essas diferentes qualidades têm caracteerísticas comuns: em primeiro lugar, elas se dão a meu olhar como existencias que apenas posso constatar e cujo ser não depende de forma alguma do meu capricho. Elas são para mim, não são eu. mas também não são outrem, isto é, não dependem de nenhuma espontaneidade, nem da minha, nem da de outra consciência. São, ao mesmo tempo, presentes e inertes. Essa inércia do conteúdo sensível, frequentemente descrita, é a existência em si. De nada serve discutir se esta folha se reduz a um conjunto de representações ou se é ou deve ser mais do que isso. O certo é que o branco que constato não pode ser mais do que isso. O certo é que o branco que constato não pode ser produzido por minha espontaneidade. Está forma inerte, que está aqué, de todas as espontaneidades conscientes, que devemos observar, conhecer pouco a pouco, é o que chamamos uma coisa. Em hipótese alguma minha consciência seria capaz de ser uma coisa, porque seu modo de ser em si é precisamente um ser para si. Existir, para ela, é ter consciência de sua existência. Ela aparece como uma pura espontaneidade em face do mundo das coisas que é pura inércia. Podemos, pois, colocar desde a odigem dois tipos de existência: é, com efeito, na meidade em que são inertes que as coisas escapam ao dominio da consciência; é sua inércia que as salvaguarda e que conserva sua autonomia. Mas eis que agora desvio a cabeça. Não vejo mais a folha de papel. Agora vejo o papel cinzento da parede. A folha não está mais presente, não está mais aí. Sei, entretanto, muito bem, que ela não se aniquilou: sua inércia a preserva disso. Ela cessou, simplesmente de ser para mim. No entanto, ei-la de novo, não virei a cabeça, meu olhar continua dirigido para o papel cinzento; nada se mexeu no quarto. Entretanto, a folha me aparece de novo com sua forma sua cor e sua posição; e seu muito bem, no momento em que ela me aparece, que é precisamente a folha que eu via há pouco. É ela, verdadeiramente, em pessoa? Sim e não. Afirmo, sem duvida, que é a mesma folha com as mesmas qualidade. Mas não ignoro que esta folha ficou lá no seu lugar; sei que não desfruto de sua presença; se quero ve-la realmente é ´reciso que me volte para minha escrivaninha, que concentre meus olhares sobre o mata-borrão em que a folha está colocada. A folha que me aparece neste momento tem uma identidade de essência com a folha que eu via ha pouco. E, por essência, não entendo somente a estrutura, mas ainda, a individualidade mesma. Essa identidade de essência porém, não está acompanhada por uma identidade de existência. É bem a mesma folha, a folha que está preesentemente sobre minha escrivaninha, mas, ela existe de outro modo. Eu não a vejo, ela não se impõe como um limite à minha espontaneidade; tampouco é um inerte existindo em si. Em uma palavra, ela não existe de fato, existe em imagem.
Se me examino a mim mesmo sem preconceitos, observarei que opero espontaneamente a discriminação entre a existencia como coisa e a existencia como imagem. Eu não seria capaz de contar as aparições que se denomiam imagens. Mas, sejam ou não evocações voluntárias, elas se dão, no momento mesmo em que aparecem, como algo diverso de uma presença. E a esse respeito não me engano nunca. Surpreenderiamos, mesmo, bastante, alguém que não tiesse estudado psicologia se, após lhe ter explidao o que o psicólogo chama de imagem, lhe perguntássemos: acontece-lhe, às vezes, confundir a imagem de seu irmão com a presença real? O reconhecimento da imagem como tal é um dado imediato do senso íntimo.
Uma coisa, porém, é aprender imediatamente uma imagem como imagem, outra formar pensamentos sobre a natureza das imagens em geral. O único meio de constituir uma teoria verdadeira da existência em imagem seria sujeitar-se rigorosamente a nada avançar a respéito dela que nao tivesse sua fonte diremante numa experiêmcia reflexiva. É que, na realidade, a existência em imagem é um modo de ser de apreensão bastante difícil. Para isso é preciso contenção de espirito; é preciso sobretudo que nos desembaracemos do hábito quase invencível de constituir todos os modos de existência segundo o tipo de existência física. Aqui, mais do que alhures, essa confusão entre os modos de ser é tentadora, uma vez que, apesar de tudo, a folha em imagem e a folha em realidade são uma unica e mesma folha em dois planos diferentes de existencia. Por conseguinte desde que desviamos o espíritp de pura contemplação da imagem enquanto tal, desde que pensamos sobre a imagem sem formar imagens, verifica-se um deslizamento e da afirmação da identidade de essência entre a imagem e o objeto passamos à de uma identidade de existência. Já que a imagem é o objeto, conclu´ímos que a imagem existe como o objeto. E, desta maneira, constitui-se o que chamaremos de metáfisica ingênua da imagem. Essa metafísica consiste em fazer da imagem uma cópia da coisa, existindo ela mesmo como uma coisa. Eis, pois, a folha de papel "em imagem" provida das mesmas qualidade que a folha "em pessoa". É inerte, não existe mais somente para a consciência: existe em si, aparece e desaparece a seu critério e não ao critério de consciência; não cessa de existir ao deixar de ser percebida, mas prolongada, fora da consciência, uma existência da coisa. Essa metafisica, ou melhor, essa ontologia ingênua é a de todo mundo.

Pensamento: Sem olhar para ela, ela reaparece, mantem os mesmos atributos que tinha quando era independente de mim ou seja a folha branca que vejo e a folha branca que represento, tem a mesma essência mas tem diferentes modos de existência. o que acontece é que a folha que estou vendo é constituida de matéria, é a matéria do mundo, matéria que tem no mundo e a folha que represento é apenas uma imagem daquela folha, uma imagem, dualidade, a matéria do mundo e a imagem da minha consciência. A matéria do mundo e a imagem da consciência, os filósofos não resolveram isto, eles diziam que existia duas coisas, a folha que ta no mundo e a folha imagem... E colocavam que entre uma e outra tinha uma diferença uma era extensa e a outra não era, uma era uma representação e a outra real....

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