31 août 2008
Tão Longe, Tão Perto. O decurso do tempo no entardecer de um domingo ensolarado...
Esta é a primeira.
Para a fuinha,
o tempo é traiçoeiro.
Para o herói,
o tempo é heróico.
Para a prostituta,
o tempo é apenas outra peça.
Se você for gentil,
seu tempo será gentil.
Se você estiver com pressa,
o tempo voa.
O tempo é o servo
se for você o seu mestre.
O tempo é seu deus
se você for o seu cão.
Nós somos os criadores do tempo...
as vítimas do tempo
e os assassinos do tempo.
O tempo é valioso.
Esta é a segunda coisa.
30 août 2008
Renoir em um sábado flautiamado...
sonhei
com a morte
aqui estou na
vontade
imensa de chorar
passarinhos
por cá, por lá
estou descoberto
das preocupações
topa Renoir?
Sonhei com o nada e o nada me fodeu!
29 août 2008
Devir-André-Estevão-Rogério-Girassol
Em golfadas envolve-me toda,
apagando as marcas individuais,
Devora-me até que eu
não respire mais..
Olga Savary
26 août 2008
Naquele exato momento
Uma noite, você volta para casa e lhe dizem que veio uma pessoa à sua procura. Perguntou por você com certa insistência (...). O visitante não retorna. E, de repente, algum tempo depois, surge uma dúvida sutil: por acaso aquele homem (ou mulher) não teria vindo por um motivo grande e decisivo? Não poderia ser aquela, infelizmente, a ocasião com que você sempre sonhou e que teria transformado toda a sua existência? (...). Por uma estúpida coincidência você não compareceu ao encontro com o destino. Nunca mais o desconhecido apareceu. Entretanto, em algum canto da alma, ainda esperamos que volte.
(1906-1972) Dino Buzzatti
Naquele Exato Momento
25 août 2008
É noite.... Girassol.
É noite
É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou,fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.
(...)
Carlos Drummond de Andrade
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
É como ave no ar veloz detida
Tudo em mim se cala para escutar o chão do teu regresso
- Tua jovem riqueza de arbusto -
A luz espera teu perfil teu gesto
Teu ímpeto tua fuga e desafio
Tua inteligência tua argúcia teu riso
Como ondas do mar dançam em mim os pés do teu regresso
Sophia de Mello Breyner Andresen
O Nome das Coisas
Caminho
Eugenio Montale
Traz-me um girassol para que o transplante
no meu árido terreno
e mostre todo o dia
ao espelho azul do céu
a ansiedade do teu rosto
amarelento
Tendem à claridade as coisas obscuras
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas ou de músicas. Desaparecer
é então a dita das ditas
Traz-me tu a planta que conduz
aonde crescem loiras transparências
e se evapora a vida como essência
Traz-me o girassol de enlouquecidas luzes.
Eugenio Montale
Egon Schiele, Diário da Prisão
Enfim! Enfim! Enfim! Enfim, um alívio para o meu sofrimento! Enfim papel, lápis, pincéis e tintas, para desenhar e escrever. Uma verdadeira tortura, estas horas selvagens, vagas, crueis, estas imutáveis, informes horas cinzentas e monótonas que tive de viver, privado de tudo como um animal, entre quatro paredes nuas e frias.
Um ser interiormente fraco, teria certamente começado a afundar-se e também eu teria enlouquecido, se esta estagnação se tivesse prolongado por mais tempo, dia após dia.
Assim, e não obstante sentir-me terrivelmente deprimido, arrancado ao campo da minha actividade, comecei, para não me afundar completamente, a pintar com os dedos trémulos , molhados na minha saliva amarga. Utilizando as manchas do reboco, tracei cabeças e paisagens nas paredes da cela. Depois observei como os desenhos se desvaneciam pouco a pouco empalidecendo até desaparecer, na profundeza da parede, como se tivessem sido apagados por uma mão invisível, dotada de um poder mágico.
Presentemente, Deus seja louvado, tenho de novo com que pintar e escrever. Finalmente restituiram-me o meu perigoso canivete. Posso manter-me ocupado e assim suportar o que doutra forma seria insuportável. Sinto-me humilhado, rebaixado, pedi, supliquei, mendiguei para conseguir estes objetos e chagaria mesmo a choramingar se necessário. Oh! Minha arte! Que não farei eu por ti!
Egon Schiele
Diário da Prisão
Ingmar Bergman
Pensando bem, também nós, seres humanos, somos em geral autênticas sinfonias de cheiros: cheiramos a pó de arroz, a perfume, a sabão para o rabo, a urina, a sexo, a suor, a pomada, a pornografia, a comida. É certo que, de um modo geral, a maioria de nós só cheira a gente, mas entre esses há os que cheiram a confiança, enquanto outros exalam ameaça.
Ingmar Bergman
Lanterna Mágica
Jardim de Rosas pt-1
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Como o sol que cai.
Alma sentinela,
Ensina-me o jogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.
Das lides humanas,
Das palmas e vaias,
Já te desenganas
E no ar te espraias.
De outra nenhuma,
Brasas de cetim,
O Dever se esfuma
Sem dizer: enfim.
Lá não há esperança
E não há futuro.
Ciência e paciência,
Suplício seguro.
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Com o sol que cai.
Arthur Rimbaud
Sidi Amar no Inverno
Penso que nunca vi o teu rosto
Num dia de chuva, quando as sombrias artérias do céu
Pulsam junto às árvores, e no teu coração
A água corre. Nunca te vi chorar
Com o monólogo da noite, com a tua mente resistindo ao silêncio.
Chegará o dia em que as linhas do céu
Se desprenderão das torres
E em que tu, que tremes pela noite
Partirás para os lugares sombrios ao lado de um desconhecido.
Paul Bowles, trad. José Agostinho Baptista
BilheteSe tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana
24 août 2008
Cavalos azuis por um chão que flutua
minha ansiedade derruba o cavalo, fica a cela montada ao vento....
Estevão
Ponta dos pés nos girassois de agosto.
junto aos teus, os meus...
a tempestade...
estamos molhados.
ensopados
...
Canção entre chocolates e morangos para flauta...
turner
(ela, que negou a florafloramloramororr)rrrrr... - nós molhados!
...que a rosa e o rouxinol se compõem em amor, arte...
...mas neste mundo muitas vezes não se encontra o movimento, alguns-algo, alguns-nada, vazio... * Encontrar? são movimentos-composições também né?
....ou o rouxinol ao se entregar a rosa e furar seu peito em dor para que a rosa branca vire rosa vermelha amadurecendo flor no coração de uma dama rapaz-amada seria uma entrega eterna?
*Mesmo não sendo assim, são composições, não?
*Ex-!ternamente... In-!ternamente...
*Mesmo não sendo, existe amor, não?
...sangue... gaivóta.............. ufffffffffffffffffffffffffffff... chão frio, gelo e braço, bom!, dor, riso, amor. ...do coração da flor que retribui o grito-rouxinol-rapaz sobre um coração em desamor...
É seu pé? não... o teu... o meu? sim? não! é, é o meu, o seu, sim, o meu...
nosso.....
* Posso fazer a unha deste...?
.amanhã...
rosa-rouxinol que no luar flutua nas mãos de um amor.......mão-rosa-rouxinol-um-de-amor..,nasluar...mar
nós molhado(...) ado,nol,ros,u,dor,lar,cor,sol,oar,sonr,dmo.
...ei, vem... começou solaris...
e*verde, der, re, pantano...... não!
Trepliov, nina...
amor...
preciso de um passeio, uma hora...
veja os dentes de ludwig... veja! wilde?
wilde, alto, intensamente alto, ainda estamos juntos..
sente?
si,...
- acabo de acordar, trepliov se foi.
Estevão
21 août 2008
Pithecanthropus erectus
Crava as garras no meu peito
E esvai em sangue todo o amor
..........................-te
Mulher
Mulher e as flores
Zirkus
promenade
Orpheus. 1913-1914.
Red Nude Sitting Up, 1908
Portrait of Vava, 1966
Le Quai de Bercy, 1953
White Crucifixion, 1938
The Praying Jew, 1923
The Watering Trough, 1925
In Front of the Picture, 1968-71
Rest, 1975
The Grand Parade, 1979-80
Bridges over the Seine, 1954
Exodus, 1952-66
The Rooster, 1929
Madonna of the Village, 1938-42
Bridges over the Seine, 1954
Dance, 1962-63
War, 1964-66
Green Violinist, 1923-24
The Painter to the Moon, 1917
Lovers with Flowers, 1927
Lovers in the Lilacs, 1930, oil on canvas
Chrysanthemums, 1926,
The Three Acrobats, 1926
Solitude, 1933
The Three Candles, 1938-40