28 sept. 2008

Júlio Cortázar

Não, de mãos atadas a uma consciência que é o tempo,
não nos movemos do terror e da delícia,
e seus carrascos delicadamente nos arrancam as pálpebras
para deixar-nos ver sem trégua como crescem as plantas da
varanda,
como correm as nuvens ao futuro.

Que quer dizer isto? Nada, uma taça de chá.
Não há drama no murmúrio, e você é a silhueta de papel
que as tesouras vão salvando do informe: oh vaidade de
crer
que se nasce ou se morre,
quando o único real é o oco que fica no papel […].

A uma muilher

Aucun commentaire: