26 déc. 2008

GEORG TRAKL

KLAGE

Schlaf und Tod, die düstern Adler
Umrauschen nachtlang dieses Haupt:
Des Menschen goldnes Bildnis
Verschlänge die eisige Woge
Der Ewigkeit. An schaurigen Riffen
Zerschellt der purpurne Leib
Und es klagt die dunkle Stimme
Über dem Meer.
Schwester stürmischer Schwermut
Sieh ein ängstlicher Kahn versinkt
Unter Sternen,
Dem schweigenden Antlitz der Nacht.


CLAMOR

Sono e morte, as águias da sombra
Esvoaçam noite adentro nesta fronte:
O dourado retrato dos homens
Teriam-no tragado as ondas gélidas
Da eternidade. Em recife horrível
Esfacela-se a carne púrpura
E a voz escura clama
Sobre o mar.
Irmã de irada angústia, mira:
Uma frágil jangada naufraga
Sob estrelas, face
A face da noite que se cala.

-

NEIGE

O geistlich Wiedersehn
In altem Herbst.
Gelbe Rosen
Entblättern am Gartenzaun,
Zu dunkler Träne
Schmolz ein großer Schmerz,
O Schwester!
So stille endet der goldne Tag.


RESTO

Ó rever-se em êxtase
No outono tardio.
Rosas amarelas
Desfolham no gradil,
Em lágrima escura
Derrete-se uma grande dor,
Ó irmã!
Tão calmo finda o dourado dia.

-

DER SCHLAF

Verflucht ihr dunklen Gifte,
Weißer Schlaf!
Dieser höchst seltsame Garten
Dämmernder Bäume
Erfüllt von Schlangen, Nachtfaltern,
Spinnen, Fledermäusen.
Fremdling! Dein verlorner Schatten
Im Abendrot,
Ein finsterer Korsar
Im salzigen Meer der Trübsal.
Aufflattern weiße Vögel am Nachtsaum
Über stürzenden Städten
Von Stahl.

O SONO

Amaldiçoados, veneno escuro,
Sono branco!
Este jardim estranhíssimo
De árvores entardecentes
Fartas de serpentes, falenas,
Aranhas, morcegos.
Forasteiro! Tua sombra perdida
No crepúsculo,
Um obscuro corsário
No mar salgado da tribulação.
Esvoaçam pássaros brancos na aba da noite
Sobre cadentes cidades
De aço.

-

IN VENEDIG

Stille in nächtigem Zimmer
Silbern flackert der Leuchter
Vor dem singenden Odem
Des Einsamen;
Zaubrisches Rosengewölk.

Schwärzlicher Fliegenschwarm
Verdunkelt den steinernen Raum
Und es starrt von der Qual
Des goldenen Tags das Haupt
Des Heimatlosen.

Reglos nachtet das Meer.
Stern und schwärzliche Fahrt
Entschwand am Kanal.
Kind, dein kränkliches Lächeln
Folgte mir leise im Schlaf.


EM VENEZA

Silente no quarto noturno
Tremula em prata o candelabro
Ante o sopro canoro
Do solitário;
Rosa enfeitiçante nuvem.

Negra névoa de moscas
Escurece o espaço pétreo
E enrija-se da tortura
Do dourado dia a fronte
Do expatriado.

Inerte anoitece o mar.
Estrela e negra viagem
Esvaneceram no canal.
Criança, teu sorriso doentio
Seguiu-me suave ao sono.

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